Hibisco Roxo - Chimamanda Ngozi Adichie - Desdobramentos do Colonialismo.

 Comentando o livro "Hibisco Roxo" da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie


HIBISCO ROXO, da escritora Nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é uma leitura essencial para quem deseja entender, olhando de dentro para fora, do olhar cotidiano de uma família nigeriana, toda a violência e destruição que o colonialismo europeu conseguiu exercer sobre povos africanos, a partir da perspectiva eurocêntrica seguindo a lógica da superioridade do homem branco, base de justificação do colonialismo.

A autora deixa fluir a narrativa da adolescente Kambili, de uma forma instigante, atraente, porém amarga. Revelando uma relação familiar patriarcal, extremamente violenta e opressora, na figura do pai, Eugene, a expressão máxima da adesão fanática ao catolicismo. Homem de muitos bens materiais, que sufoca, submete, aterroriza toda a família nuclear que sequer consegue “respirar”. Deixa marcas violentas e brutais na esposa, nos filhos, levando a um resultado trágico.

Patriarcalismo amalgamado com a aceitação cega dos valores e da religiosidade do colonizador inglês, que subjugou e demonizou as crenças nativas, consideradas inferiores e incivilizadas. Desenraizamento que anula a importância da história oral de povos africanos, das crenças do avô, da ancestralidade. Como pano de fundo, um governo ditatorial e suas graves consequências para a população e para a sociedade daquele país.

O despertar amoroso da narradora Kambili, seu olhar sensível e sofrido, faz pensar ser sua existência tão rara como o florescer de um hibisco roxo.

Os traços culturais dos nigerianos, seja no preparo de um alimento, no contar de histórias, na relação com filhos, remeteu-me a uma ancestralidade comum.

Recomendo muito a leitura do livro.


Ana Lúcia dos Santos, escritora, professora universitária, assistente social.


Comentários

  1. Li a obra e a considero muito importante para a compreensão das famílias submetidas a opressão patriarcal e o sofrimento decorrente de um governo dirigido por despotas.

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