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Hibisco Roxo - Chimamanda Ngozi Adichie - Desdobramentos do Colonialismo.

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  Comentando o livro "Hibisco Roxo" da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie HIBISCO ROXO, da escritora Nigeriana Chimamanda Ngozi Adich i e é uma leitura essencial para quem deseja entender, olhando de dentro para fora, do olhar cotidiano de uma família nigeriana, toda a violência e destruição que o colonialismo europeu conseguiu exercer sobre povos africanos, a partir da perspectiva eurocêntrica seguindo a lógica da superioridade do homem branco, base de justificação do colonialismo. A autora deixa fluir a narrativa da adolescente Kambili, de uma forma instigante, atraente, porém amarga. Revelando uma relação familiar patriarcal, extremamente violenta e opressora, na figura do pai, Eugene, a expressão máxima da adesão fanática ao catolicismo. Homem de muitos bens materiais, que sufoca, submete, aterroriza toda a família nuclear que sequer consegue “respirar”. Deixa marcas violentas e brutais na esposa, nos filhos, levando a um resultado trágico. Patriarcalism

TORTO ARADO de Itamar Vieira Vieira -

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  Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior - "A violência e a herança da escravização" junho 27, 2021       TORTO ARADO  – – ITAMAR VIEIRA JUNIOR  - Comentários           Nesta Obra, Itamar Vieira Júnior vai aos poucos oferecendo sentido, moldando a compreensão das vivências de famílias descendentes de escravizados sobrevivendo por décadas, por gerações no campo, num cotidiano de opressão, constante reafirmação do lugar de subordinação, apagamento de suas identidades, mediada pelo trabalho, numa continuidade pós “Abolição” marcada pela exploração, pelo trabalho não pago, pela terra não possuída. Em “Torto Arado” a história está centrada na relação entre duas irmãs, tragadas por uma tragédia na infância, que as mantem numa relação quase simbiótica, complementar. A voz narrativa é dessas irmãs, das suas relações com pais, filhos, parentes, outras famílias do mesmo local. De suas relações com a sobrevivência cotidiana, com os afetos, com o trabalho forçado. Relações sobretudo com as

MARIA FIRMINA DOS REIS - ESCRITORA NEGRA ABOLICIONISTA

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  MARIA FIRMINA DOS REIS   –  Viveu de 1825 a 1917, no Estado do Maranhão. Era negra, mas nasceu livre, sendo filha  de uma mulher branca e um homem negro. Escreveu contos, poemas, artigos sobre escravidão. Sobre sua trajetória , aos 12 anos passou a viver com uma tia com algum poder aquisitivo e cultural. Neste momento teve seu primeiro contato com a Literatura. Era parente de Sotero dos Reis, importante gramático da época. Estudou por conta própria, conseguindo formar-se professora aos 22 anos. Foi aprovada em concurso público para a “Cadeira de Instrução Primária”, exercendo a partir daí a atividade de professora. Causou polêmica  quando criou uma escola gratuita mista , de meninos e meninas. O projeto não durou. Maria Firmina continuou sendo ativista c ontra a escravização  até 1917, quando faleceu no município de Guimarães.     “URSULA” MARIA FIRMINA DOS REIS  foi   romancista, seu livro mais conhecido foi  “ÚRSULA ” - uma narrativa que se passa ainda no Brasil colônia e escravocr

BILHETES DA PRIMAVERA

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  A primavera é impar, sensações de esperança!     BILHETES                                     Ana Lucia dos Santos   São belas as manhãs de setembro. Abro a janela e lá está a suave brisa, o  vago nevoeiro. Não há calor nem sol quente. Só pequenas flores salpicadas de sereno.   Não há frio incômodo e gélido. Somente uma brisa quase parada. Respeitosa. Ponte para um leve respirar.   Nas manhãs de início de primavera. Quase primavera. Há promessas sussurradas. Segredos de paixões vindouras.   Há pequenas e coloridas flores. Prenúncio de grandes, inevitáveis floradas. Belas invasoras de cores exuberantes.     Sei das manhãs de setembro, Nelas lembro-me de quem amo. Do quanto amo. Não por acaso.   O lembrete veio por bilhetes, Nas pétalas pequenas e grandes, Das coloridas flores da primavera

Memórias e histórias - Eponinos, negros de São Mateus

        Meu pai, Sr. Eponino, se foi há 31anos. Homenagem com um trecho do livro de memórias publicado em 2017. “Como era bonito ver meu pai sair colocando o molho de chaves na cintura. Com aquele semblante sério de responsabilidade. Sabia que estava saindo para cuidar da gente. Ficaram as saudades disso. Lembro com felicidade que, ainda houve tempo, conseguimos conversar sobre livros, sobre o país, sobre os problemas do mundo. Foram nossos melhores momentos. O desbravador das tarefas do mundo exterior naquele universo familiar, senhor Eponino era um homem de estatura média, pele negra, cabelos castanhos levemente ondulados, sempre lustrosos à brilhantina. Tinha o rosto afilado, boca pequena, olhos de um castanho mais intenso, como folhas secas pelo sol. O quase liso do cabelo, apesar da pele negra, vinha da avó paterna indígena....  Assim era Eponino, olhando seu exterior, o que não explicava quem era no seu interior. Tinha suas contradições. Foi homem de esquerda na política, envolvi

LUIZ GAMA, "DOUTOR HONORIS CAUSA" - UM GUERREIRO DA CAUSA ABOLICIONISTA

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    Luiz Gama, recebe título de "Doutor Honoris Causa",  que buscou em vida de luta pela causa abolicionista. LUIZ GAMA – JORNALISTA E POETA, UM GUERREIRO LIBERTADOR.   TRAJETÒRIA Luiz Gonzaga Pinto da Gama  nasceu em 1830, em Salvador – Bahia. (21/07/1830) e pode ser definido como um líder abolicionista dos mais importantes da história do Brasil, embora não tenha sido reconhecido pela história oficial.          Filho de uma negra livre africana, Luíza Mahin, vinda Costa Mina, que foi uma das mulheres que lideraram a maior rebelião de escravos da Bahia, a  “Revolta dos Malês ”, em 1835. Participou também da “ Sabinada” , levante que tentou proclamar a  República   Bahiense . O pai de Luiz Gama era um fidalgo de origem portuguesa, com quem a mãe o deixou por precisar fugir para o Rio de Janeiro, após as rebeliões. Aos dez anos, foi vendido pelo próprio pai a um negociante no Rio de Janeiro, para pagar uma dívida de jogo, tendo sido levado posteriormente para São Paulo. Aprende