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Mostrando postagens de março, 2025

A Diáspora Africana e as Sombras do Norte

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  A Diáspora Africana e as Sombras do Norte   Hoje percorrendo alguns pontos da cidade de São Paulo, fui tomada por um sentimento de coletividade. É isto, sou parte de um coletivo a caminhar, multidão diversa. Muitos de nós, vieram do mesmo ventre, do mesmo útero, da África mãe. Caminhamos pelo mundo afora. Voamos como pássaros dispersos empurrados pelos ventos. Ficou para trás o ventre, ao qual estamos umbilicalmente ligados. Diáspora negra africana na paulicéia desvairada, acolhedora, muitas vezes excludente, luta diária. Podemos não nos reconhecer de imediato, mas às vezes sinto que isto ocorre, num vago passar de olhares que se encontram. No esperançar da vida, aposto no reconhecimento da ancestralidade que nos unirá. Filhos e filhas do mesmo chão, de lugares diferentes de um continente. Caminhantes de histórias geracionais comuns. Parte de nós, hoje, já não é o que foram nossos antepassados. Muitos de nós,  já não arrumamos quartos, camas e mesas para outros, já não ...

NÓS MULHERES: ENTRE O SONHO E A VIDA REAL

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NÓS MULHERES: ENTRE O SONHO E A VIDA REAL     Na minha infância, otimista, como geralmente são as crianças, sonhava com um futuro feliz. Apaixonar-me-ia por um lindo namorado, com quem me casaria, teria filhos e seria muito amada. É claro, não sonhava sozinha. Mas acompanhada por muitas outras meninas. Repetia, há algumas décadas, os caminhos traçados pelas nossas famílias.   Também na infância, algumas vezes cheguei a ouvir, “à boca pequena”, sussurradas por adultos, histórias sobre brigas de casais, homens ciumentos que até chegavam a agredir suas esposas. Os adultos murmuravam, porque o assunto era proibido, ninguém podia interferir em briga de marido e mulher. Eu, na minha criancice sonhadora, entristecia. Portadora de pensamento mágico, acreditava que era só os adultos conversarem e tudo ficaria bem.   Hoje, bem longe daqueles tempos da infância, estou rodeada pelos noticiários dando conta do número cada vez maior de mulheres que são agredidas e até mortas por h...

LIVRO DO ESCRITOR MARCELO PAIVA REVIVE DOR E FAZ PENSAR EM REPARAÇÃO

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  O escritor, Marcelo Paiva, escreve um livro sobre o desaparecimento de seu pai, Rubens Paiva, Deputado Federal por São Paulo, cassado durante a ditadura militar no Brasil. E todos os desdobramentos para sua família. O livro “Ainda estou aqui”, se transformou em filme, que agora corre o mundo. O filme me fez rememorar, assim como as tantas pessoas, a dor causada pelo autoritarismo insano que atingiu o país de 1964 a 1985, que torturou cruelmente, matou, fez desaparecer centenas de pessoas. O filme ganhou um prêmio inédito para nós, o Oscar de melhor filme estrangeiro, o colocando sob os holofotes, dentro do país e em todo o mundo. Rememorar a dor do arbítrio e das perdas, vividas pelos brasileiros e agora escancarada para o mundo, valeu e vale a pena. Muitas famílias ainda não têm respostas sobre o que aconteceu com seus filhos, pais, mães, irmãos. As comemorações pelo prêmio, inédito para nós, foram gigantes, emocionantes. Como foram gigantes Fernanda Torres, Selton Mello, to...