EM PROSA E VERSO - ANA LUCIA - CADERNOS LITERÁRIOS REVISTA VOO LIVRE

 Trago aqui hoje alguns textos que foram publicados no Caderno Literário da Revista Voo Livre. Boa leitura!!


TERGIVERSO 

 Faço prosa, faço verso, faço arte.

Converso com a vida, para espantar solidão.

Ainda que as palavras não existam.

Invenção.

 

Vou fundo, poetizo, versejo, tudo faz parte.

Borboleteio em tempos pesados.

Disfarço, depois da tormenta.

De dentro só vem o que alimenta.

 

Invento amores adequados.

Já foram perdidos, descaminhos da vida.

Depois, a ira santa, a raiva louca.

Os argumentos revolucionários.

A força que me faz potente,

Só de momento.

Não passo de uma visionária.

 

Escape.

Escondida entre as palavras.

Invento amores, senão verdadeiros,

Virão a ser.


Outra vez visionária.

 A sanidade insana, que seja.

Sustenta-me.

Sobreviver.

 


 C0NTRA A MARÉ 

Nado contra a maré

Por questão de fé

Porque é preciso

Da mesma forma,

Que é preciso navegar,

Sobreviver.

 

Braços fortes, longos, potentes,

Precisam ir mais longe,

As braçadas são longas.

Com incertezas, talvez fique no caminho.

Dói o corpo,

Entregue à jornada necessária

Não há dúvidas.

 

Doem o corpo e a alma.

Não podem deixar de ir.

As razões são bem maiores

Alguém precisa ir.

 

A alma, de corpo desgastado,

O levará até a exaustão.

Hoje a vida pede em excesso,

A quem combateu por anos, décadas.

Se é assim, que seja.

Ir até o fim.

   

 AMOR NO ADOLESCER 

O amor, no adolescer, confuso sentimento.

Não entendia. Inexplicável paralisia.

Sonhos pueris, certo medo trazia

Seria assim com os outros, como saber?

 

Pergunta descabida,

Não havia o compartilhar.

Amor ensimesmado, dentro de mim.

Caberia compartilhar,

Se expresso estava no olhar?

 

Sempre soube, todos sabiam,

Saberiam?

Quem sabia?

 

Amores ficaram assim travados,

Sem solução, sem finalização,

Sem compreensão.

Prostração no sofá,

O tempo sem tempo certo

As horas estagnaram

Anoiteceu!!

 

 

 CORAGEM

 É preciso coragem para voar

Sustentar

Escrever, arriscar.

 

Asas partidas?

Pode ser.

Aterriza, cuida das feridas.

 

Se prepara

Outro voo te espera.

 

  38. ESCRITA 

Quando a caneta

É um tesouro

Encontrado

Numa área de garimpo.

 

Acende uma luz

No coração,

De alegria e alento

 

 

 CHEGASTE

 Na noite, sem aviso prévio,

Sem nada que indicasse,

Sequer sinalizasse,

Uma presença especial,

Surgiste como uma aparição.

 

Distraída que estava não pude ver,

Sua presença se avizinhando,

Com seu rosto alegre

E olhos a sorrir.

Com suas gentilezas sutis.

Com seu malicioso olhar,

Indicando tudo.

Ou nada.

 

Desde então, vivo suspensa no ar,

Ansiando pela sua intensa presença.

Ansiando pelos seus gestos sutis,

Pelo seu simples beijo na mão,

Que me tocou

como uma picada de inseto.

Repleto do bom veneno.

 

Qual um inebriante vinho,

Irradiando por todo o meu corpo,

Claros sinais, de que chegaste para ficar.

Inundando cada pedaço do meu ser,

Com alegres e inexplicáveis ares de festa,

De promessas de horas febris.




 

 Ana Lucia Santos é escritora, assistente social, professora universitária

 

 


 

 

 

 

 

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