A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E A NOVA VELHA CARA DO BRASIL
Antes das últimas eleições para a Presidência de
2018, muitos de nós afrodescendentes, chegamos a acreditar que o preconceito, o
racismo, se reduziria com o tempo, até perder força. Aparentemente vínhamos
avançando na conquista dos Direitos Humanos para todos os brasileiros,
acreditando que este consenso crescia nas mentes, na compreensão das pessoas.
Que vínhamos apontando as desigualdades históricas do Brasil, entranhadas na
sua estrutura e buscando formas de superá-las. Ledo engano.
Com o resultado das eleições, começou-se
a perceber que muitos apenas aguardavam um sinal para expor o que há de
pior dentro de si. Calados, aparentemente concordavam com a instituição de
políticas públicas para as pessoas excluídas durante séculos, do acesso ao
necessário para sua sobrevivência. O racismo escamoteado, negado, mas
vivenciado pelos afrodescendentes que sempre esteve presente, ficou
escancarado, particularmente agora, com uma pandemia que já matou
mais de 71.000 brasileiros.
O
preconceito, o racismo acontece agora de forma mais explicita, põe a cara pra
fora, resgatados dos subterrâneos de nossa história. Expõem a
certeza de que brancos privilegiados e abastados tem muito mais
chances de sobreviver ao vírus invisível,
E agora Brasil? Precisamos falar
sobre isto sem meias palavras. Esta é a hora. Porque estamos no meio de uma
pandemia, porque está escancarado que o negro, pobre, indígena e todos os que
precisam e não têm acesso à politica pública de saúde sofrem mais cruelmente os
efeitos da pandemia. Porque a violência é exercida contra os mais vulneráveis
da sociedade brasileira, estimulada pelo governo central, como uma espécie de
“carta branca” para a agressão, a humilhação e se possível a eliminação destes
segmentos.
Este é o momento em que o Brasil
mostra o seu lado mais feio, desumano, atrasado, digno dos tempos da
barbárie há mais de duzentos anos atrás. A barbárie é atual e acontece
vergonhosamente em baixo dos nossos olhos, não mais disfarçado. Agora mostra a
cara e dá o bote. Tanto melhor. Fica menos difícil enfrentar este lado que
precisava mesmo ser escancarado. Está aí, capitaneada pelas elites usurpadoras
de riquezas.
Para os que
não enxergaram que isto poderia acontecer, ainda é tempo de
corrigir a rota desta nau desgovernada chamada Brasil. Ainda é tempo dos
que acreditaram no falso discurso da democracia racial, da cordialidade das
relações inter-raciais, desfeito a cada dia, a cada minuto, por um cotidiano
que nos mostra negros e seus descendentes nas ocupações menos remuneradas no
mercado de trabalho com baixo acesso à escolarização, excluídos do ensino
superior, expulsos para as periferias, sendo alvos indiscriminados da
violência, inclusive por parte de setores médios ávidos para se beneficiar da
exploração de muitos.
É o Brasil olhando de frente para a
sua face mais feia e vergonhosa. Ainda é tempo de reverter este curso. Depende
de nós, depende da luta antirracista. E ela é URGENTE.
Ê isso mesmo, se esse País fosse menos racista e deixasse as diferenças de lado tavez pudéssemos ter uma visão diferente do que acontece hoje. você está certíssima Ana Lúcia. bjos
ResponderExcluirÊ isso mesmo, se esse País fosse menos racista e deixasse as diferenças de lado tavez pudéssemos ter uma visão diferente do que acontece hoje. você está certíssima Ana Lúcia. bjos
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