Olá, amigos(as)
Mais um texto da série "Quarentena e Pandemia". Este é um poema que escrevi, movida pelas cenas em cemitérios.
UM LUGAR PARA DESCANSAR
E os mortos foram chegando, muitos.
Não andando, é claro.
Mas carregados pelos mortos-vivos,
Que esperavam sua hora de morrer e ser enterrados.
Estavam preocupados, os mortos vivos.
Não os mortos-mortos.
Para estes, acabara a dor, o sofrimento, a longa espera.
Finalmente em paz.
É certo, não puderam se despedir,
Mas de quem, se não saberiam dizer,
Quem da família também estaria ali,
Quem ficou em casa, imune à peste?
Preocupados estavam sim os mortos- vivos.
Haveria um lugar em baixo da terra para descansar seus corpos
doloridos?
Os cemitérios estavam lotados,
Improvisaram vários. Ainda assim, lotados.
E agora colocavam um morto por cima do outro.
Não queriam os mortos-vivos, ir assim, amontoados.
Queriam um pedacinho só seu, em algum novo Cemitério.
E começaram a tramar, urdir planos em silêncio.
Tratariam de fazer, nas horas vagas, um cemitério só seu.
Ana Lucia dos Santos
Como é maravilhoso ler o que você escreve! Sua criatividade e estilo são de verdadeira escritora. Parabéns!
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