UMA REFLEXÃO SOBRE A PANDEMIA DO COVID-19
Ana Lucia dos Santos, assistente social, Mestre em Serviço Social
pela PUC-SP, professora universitária e escritora.
Como cidadã parte deste planeta chamado Terra,
vejo-me provocada a refletir, pensar alguma coisa que faça sentido em meio à
loucura que está assolando o nosso país e no mundo.
Começou na cidade chinesa
de Wuhan em dezembro de 2019. O que pareciam simples resfriados foi evoluindo
para pneumonias graves. Ocorre que um simples resfriado não explicava o agravamento do quadro e a morte tão rápida.
Tratava-se de um novo vírus com uma assustadora
capacidade de matar, até então desconhecida. O COVID-19 ou Coronavirus. Sem antídoto,
atingiu na maioria dos casos as pessoas mais velhas, que tem naturalmente a imunidade
baixa. Associando-se a comorbidades como diabetes e hipertensão, o prognóstico
mostrou-se fatal.
Foi se espalhando para outros países da Ásia, Europa,
África, chegando aos Estados Unidos da América e todo o continente. O número de
pessoas infectadas aumentando de forma descontrolada, a depender da forma como
os governos dos diversos países passaram a lidar com o novo inimigo. Pode matar
a qualquer um, sem distinção de classe, etnia ou gênero. Embora saibamos que,
quem está em piores condições de vida neste planeta, tem mais essa
vulnerabilidade agregada.
A solução mais eficiente contra o inimigo invisível é o
isolamento social e medidas de higiene. Não há vacina. A ciência busca desesperadamente uma solução.
Isolamento social, queda de produção, economias paralisadas. O vírus começa a
atingir pessoas mais jovens e até crianças.
Começamos a nos perguntar, quantos e quais de
nós neste planeta sobreviverão? Não ter essa resposta é o que angustia as
pessoas. Muitos ainda se recusam a entender a gravidade da situação. Pode ser
uma forma de se defender. Outros, uma forma de mostrar o seu interior nublado e
perverso, como é o caso da Presidência do Brasil e grande parte do seu governo.
Além de empresários, e a elite inescrupulosa, preocupada com sua riqueza.
Descaso para com a vida que não é a sua. Com as condições de vida de outros.
Para eles, tanto faz. Estão como parasitas ao redor do governo que elegeram.
As causas da pandemia são de agora? Acho que
não. São décadas, séculos de indiferença com o planeta e todos os seres vivos
que o habitam. Quantas iniquidades os seres humanos protagonizaram contra os
povos mais indefesos? Quanta terra devastada, animais cruelmente maltratados,
em nome do lucro? O vírus novo surgiu de animais silvestres, sabe-se disto.
Talvez provocado pela ganância dos homens, sua invasão, seu desrespeito a vida
natural que nos foi dada. Tudo girando em torno de um capitalismo selvagem, que
sempre gerou desigualdade, morte dos mais vulneráveis.
Parece que as coisas se invertem. Os
trabalhadores vivendo no limite da exaustão, quando caem ou se isolam,
desmantelam toda a lógica perversa do lucro. O capital não tem saída. Ou
investe nas vidas dos trabalhadores, ou não terão a quem explorar para garantir
seus lucros. Impasse que não os humaniza. Continua sendo cruel.
Simples assim: a natureza, aparentemente mais fraca, está mostrando quem manda.
Já notou como o ar está mais limpo, o céu menos carregado? Os trabalhadores,
aparentemente mais fracos, estão mostrando o quanto sua existência, saúde e
condição de trabalhar, sustentam não só a si e suas famílias, mas toda a
economia dos países. Resta saber se os homens que tem poder querem aprender ou,
se terão tempo para isto.
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