Poetizando
– Dois poemas que escrevi em tempos diferentes e quero compartilhar.
VIDA SOBRE O MAR
CINZENTO
Hoje
vi o mar agitado.
Eram
bonitas as marolas que se formavam.
Pequenas,
firmes, curtas, constantes.
Entre
elas, pequenas vagas,
Como
caminhos cintilantes com curvas e desvios,
Indo
não se sabe para onde.
O
céu nublado de um cinza chumbo,
A
chuva que caia fina, um vento frio.
A
cena poderia parecer sombria.
Mas
sem que eu pudesse entender,
Sugeriram
um movimento de vida inesperado dentro de mim.
O
carro que me conduzia quase saltitava,
Sobre
a madeira da ponte com seus fios suspensos,
Fazendo
um barulho de tábuas soltas, a levitar.
Som
ondulado pelo marulho das marolas curtas.
Tudo
leve, simples e sublime.
O
coração também saltitando,
Arrancando
dos meus lábios um sorriso de felicidade.
Saudando
a vida presente numa tarde fria,
Cinzenta
e nublada do Mar Pequeno,
Sob
a Ponte Suspensa na Bahia de São Vicente.
Ana
Lucia Santos
OS DOIS LADOS DA
FESTA
Copas de árvores de um
verde escuro e forte,
hoje tem matizes mais
definidos.
Flores amarelas salpicando
o verde,
Também ficam mais
exuberantes.
Vejo os coqueiros com
galhos pendendo,
Como braços estendidos
A proteger e a ungir areias e pessoas.
Hoje é dia de maratona.
Corre, corre, sua o corpo,
lava a alma.
Corre, corre para onde?
Não precisa saber.
Apenas corre, arrasta a
energia
Dos que olham e dos que
passam.
Misturam-se corpos,
suores, gente.
Balões azuis no céu,
alegria no ar.
Crianças pululantes
brincam de correr.
Clareia o sol, imagens
felizes.
Generoso, ilumina gente
determinada,
Ilumina o esforço admirável.
Festa na rua, festa na praia.
Vem a certeza de que os
jardins sorriem também.
Raios de sol penetram nas
plantas e flores sem pedir licença.
Pra que pediriam?
Vejo homens fortes, homens
bonitos, mulheres também.
Homens não tão fortes, correm,
correm.
Lavam o corpo de suor,
lavam a alma.
Quero também lavar a alma,
Pedir a calma que vem
depois.
Um pouco mais longe,
Os ares e a energia da festa se diluem.
Os generosos raios de sol,
Que aí também não pedem
licença,
Inundam o asfalto que já
queima.
Impacientes e frenéticas
buzinas de carros,
Alheias à festa,
enlouquecem.
Homens
e mulheres, nem fortes nem felizes,
Inundam um trânsito que
não anda.
E se perguntam:
Que cidade é esta, que
caos é este, que dia é este!
É dia de maratona em
Santos!
Ana
Lucia Santos
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